sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O leitor



Hoje subia o morro de carro, mas não vinha sozinha, mas não vinha calada. Vim conversando com aquele que houve umas histórias muito loucas, que começam e não terminam...a quem falo coisas repitidas, a quem peço, a quem me lastimo, a quem agradeço.
Vinha lembrando de uma cena...cenas marcantes e que dizem respeito a meus estados psiquicos mal resolvidos me vêem a cabeça quando estou sozinha.
Lembrei de dois dias atrás, quando o Rômulo explicava à Mari como fazer um drink. Um processo complexo...enche um copo pequeno com uma bebida, acho conhaque, e encaixa esse copo dentro de outros copo...que deve estar...sei lá com outra bebida...a bebida do copo pequeno vai saindo aos poucos... muito simples...pena que eu não consegui visualizar hauhaua.
A Mari disse que era assim mesmo, eu não conseguiria visualizar, pois nunca tinha conseguido visualizar os exercícios de física do colégio. Visualizar as coisas que não estão ali prontas e materializadas na minha frente, definitivamente, não é comigo.
Não, o que a Mari me disse não me machucou...é a pura verdade. Não consigo ver nada, imaginar um móvel, uma decoração, uma simulação...não...não consigo. As vezes é dificil até mesmo lembrar do rosto de pessoas que não vejo a muito tempo.
No entanto, falo com quem não vejo, acredito em quem não está ali em carne e osso ao meu lado. Não sei se visualizo, mas creio...creio tanto, que se materializa, ainda que sem formas.
Mas toda essa reflexão começou por causa do "O Leitor". Daldry se recusa a afirmar que seu filme esteja centardo no Holocausto, a crítica não , mas eu sim. Os sabidões ficam falando de sentimentos de pós-guerra, teorizam a consciência dos alemães e falam sobre um tema: a culpa. Vão longe, mas são incapazes de perceber a "ignorância" como um dos temas centrais. O fato de não ler, o fato de não decodificar códigos deixou Hanna fora de um sistema de regras...então se se vive a parte, no limbo de uma sociedade, e como exigir regras?
Bandido é bandido! Mas, o que fazer com a ignorâcia, como lidar com a falta de conhecimento? Todos os dias nos deparamos com atitudes ignorantes e julgamos. Somos leitores das nossas relações, e é preciso interpretá-las... dentro de um contexto, amarrado à uma realidade. É só diminuido as distâncias que irá se diminuir a dificuldade de interpretemar .

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Divã


Eu sou da época que filme nacional era pornochanchada, ai fica realmente difícil de acreditar que Divã é um fime brasileiro. Mas injustiças a parte, eu vi "meu nome não é Jhony" e já bastava para acreditar que as nossas produções nacionais não são mais as mesmas.

Eu sentei no Divã, ao lado de Lilian Cabral, reconheci cada etapa de uma terapia de anos. Quem nunca sentiu seu relacionamento balançar, quem nunca teve dúvidas, quem nunca quis fugir nunca teve um relacionamento.

Procurar um terapeuta é isso mesmo, essa falta de jeito no primeiro até o décimo encontro. É essa tentativa de esconder a verdade, é fingir que se tem domínio da situação é chorar e rir da prória condição. A análise traz mais duvidas do que respostas...por exemplo...O Lopes é casado? tem filhos? fuma? Me julga?

O Divã é de rir e de chorar...e que choro dolorido que me apertou o peito. Pensei na minha amiga Mari...que é em quem eu sempre penso quando falam de amigas. Se as minhas amiguinhas lessem isso, ficariam bem chateadas, mas é assim mesmo. O Divã me fez ver o medo que tenho de perder meu amigos...
Por outro lado, me deu o direito de olhar e beliscar uma carne nobre e nova.
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Hoje já não é mais o dia que eu escrevi tudo isso, não...hoje já é outro dia...e depois disso eu já ri e já chorei muitas vezes, em nenhum dia voltei a procurar a minha terapeuta, é verdade... Mas, isso não quer dizer que eu não tenha me colocado várias vezes no divã. Nada Disso! Ser virginiana e fazer terapia é não deixar de deitar no divã nunca.
Quantas vezes hoje eu falei alguma coisa para alguém ao mesmo tempo que pensava sobre o que e como estava falando??? Inúmeras! A medida que falo, fico conversando paralelamente comigo mesma. Não há fala sem intenção! Me pergunto: Por quê você está falando isso para essa pessoa exatamente agora? O que está por trás? Você está mentindo, se fazendo de vítima...tentando se promover sem que percebam...eu te conheço...ninguém mais te conhece como eu..
E um conflito imenso está insturaurado entre eu e mim...nos dizemos coisas horríveis...esse eu transparente que não pára de falar me diz verdades...me lembra toda hora da minha condição.
Se eu não me encomodo? Não. Na verdade, é isso que me faz achar que estou todo dia evoluindo, pelo fato de estar me dando a oportunidade de me conhecer...
Parêntes (hauhau Acabei de lembrar da minha amiga Suzana, que acredita estar cada vez melhor...e que os 40 é a pílula da juventude. E com ela é isso mesmo, está cada vez melhor. Su, eu sempre quis chegar aos 40 rapidinho, para ter essa jovialidade, esse apetite...essa coisa que deixa os homens enlouquecidos) fecha parêntes!
E a frase que carrego comigo todos os dias...que externalizo a todo momento: Não sou hipócrita. Fiz terapia para não ser hipócrita.
Tá...talvez eu seja menos que muita gente...talvez isso também seja uma justificativa, em meio a tanta outras...mas a verdade é que cada um de nós, seres humanos, ditos "normais" tem seu percentual de hipocrisia.
A hipocrisia é uma veia do ser...ninguém nasce sem ela...mas em meio a tantas outras fiações enoveladas, subcutâneas e impálveis...é difícil se dar conta que ela está ali...que faz parte do eu e que inflama.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quem quer ser um milionário



Como já disse antes...esse espaço, aqui, inventado por mim e para mim, não tem nada de cinéfalo..eu nem vejo muitos filmes. Tudo é uma coincidência...uma feliz coincidência que me fez voltara a escrever. Escrever as abobrinhas que tantos gosto. Como é bom não escrever e-mail para professores, para a equipe de trabalho, como é bom não escrever artigos, sobre fonética, em francês. Como é bom ter liberdade com as palavras, poder embaralhá-las, jogá-las para cima e deixar que caiam aleatóriamente sobre a tela do computador.


Domingo, depois de uma briga conjugal, que não cabe aqui, tive a ideia maravilhosa de ir afugentar minha ira e minha birra locando um filme. Fui certeira! Geralmente passo horas e horas olhando para as caixinhas de DVDs, escolho, escolho, sem dignar-me a ler as sinopses. Acho que não tem graça ler as sinopses. Filme para mim tem que ser auto explicativo, tem que ser de todo uma surpres, quanto mesno souber sobre ele melhor.

Dessa vez eu já tinha uma indicação...achei escondido "Quem quer ser um milionário".

Fazia tempo que eu não via um filme tão inteligente. Não queria esquecer...como sempre acontece...quero lembrar do menino caido no meio da bosta e gritando feliz com a mão para o alto segurando um autógrafo de um ídolo. Não queria esquecer das crianças na chuva, sobre o trem, do B. escorrendo no espelho do banheiro, das cafetinas, de como se sabe como uma nota de 100 tem a cara de Benjamin Franklin, o vestido amarelo de Latika, o éter que drogava crianças antes terem seus olhos arrancados...são as cores da índia, são os tons de pele, são todas as índoles e todas os convívios tranformadores. É tudo misturado... é tudo inteligente

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A pessoa é para o que nasce


Isso aqui não tinha razão de ser. Não tenho nenhuma pretensão de ser lida, até porque essas linhas não são públicas, mas escritas para mim mesma.


Esse espaço nasceu de repente, sem muito planejamento ou esmero, mas de uma necessidade imensa que veio, que me tomou de rompante, que me transbordou e que escorre agora, por entre essas linhas.


Não sou louca por cinema, gosto bastante, mas vejo muito pouco...muito menos do que gostaria.

Mas hoje aconteceu algo que mexeu comigo e que senti uma necessidade imensa de colocar pra fora em foram de letras. "A pessoa é para o que nasce" é um filme que me tirou o sono. São exatamente 2h20 da manhã e sé eu sei o que é estar acesa a essa hora. Não quero pensar sobre o título agora, fiz questão de não tentar entender ou refletir a respeito...não merece que seja digerido em 15 minutos. O título desse filme é como os CDs do meu orientador de rádio...devem ficar fechados até o momento deles...que serão ouvidos com calma, com a atenção totalmente voltada ao conjunto da obra.


Mas e as cenas, mas e o roteiro...ainda não temos opinião formada, nem eu nem a Júlia...


Por que ficaram cegas? porque passaram antes pelo "quem quer ser um milionário..." foi uma piadinha, um humor negro que não poderia deixar passar. Perco o amigo, mas não perco a piada...já lá se foram muitos amigos.


Precisaria expor a Maria assim? falar de seus sentimentos, da sua carência. Precisava explorar a nudez de três velhas cegas, que não poderão ver o resultado final na tela. Precisavam minimizar o comportamento adolescente, do munda da vergonha, da rebeldia.



Teria sido feito na naturalidade e na franqueza e que isso justificaria tudo...seria arte, o mundo real, da miséria, da falta de dentes, da incapacidade humana?


Ainda não tenho as respostas que procuro...talvez as perca nos dias que virão. Fica aqui o primeiro desabafo...o priemiro fruto de uma vontade incandescente de escrever...como muito tempo não paria...longe, mas uma vaga lembrança do dia em que pari a letras.


Ufa!