Hoje subia o morro de carro, mas não vinha sozinha, mas não vinha calada. Vim conversando com aquele que houve umas histórias muito loucas, que começam e não terminam...a quem falo coisas repitidas, a quem peço, a quem me lastimo, a quem agradeço.
Vinha lembrando de uma cena...cenas marcantes e que dizem respeito a meus estados psiquicos mal resolvidos me vêem a cabeça quando estou sozinha.
Lembrei de dois dias atrás, quando o Rômulo explicava à Mari como fazer um drink. Um processo complexo...enche um copo pequeno com uma bebida, acho conhaque, e encaixa esse copo dentro de outros copo...que deve estar...sei lá com outra bebida...a bebida do copo pequeno vai saindo aos poucos... muito simples...pena que eu não consegui visualizar hauhaua.
A Mari disse que era assim mesmo, eu não conseguiria visualizar, pois nunca tinha conseguido visualizar os exercícios de física do colégio. Visualizar as coisas que não estão ali prontas e materializadas na minha frente, definitivamente, não é comigo.
Não, o que a Mari me disse não me machucou...é a pura verdade. Não consigo ver nada, imaginar um móvel, uma decoração, uma simulação...não...não consigo. As vezes é dificil até mesmo lembrar do rosto de pessoas que não vejo a muito tempo.
No entanto, falo com quem não vejo, acredito em quem não está ali em carne e osso ao meu lado. Não sei se visualizo, mas creio...creio tanto, que se materializa, ainda que sem formas.
Mas toda essa reflexão começou por causa do "O Leitor". Daldry se recusa a afirmar que seu filme esteja centardo no Holocausto, a crítica não , mas eu sim. Os sabidões ficam falando de sentimentos de pós-guerra, teorizam a consciência dos alemães e falam sobre um tema: a culpa. Vão longe, mas são incapazes de perceber a "ignorância" como um dos temas centrais. O fato de não ler, o fato de não decodificar códigos deixou Hanna fora de um sistema de regras...então se se vive a parte, no limbo de uma sociedade, e como exigir regras?
Bandido é bandido! Mas, o que fazer com a ignorâcia, como lidar com a falta de conhecimento? Todos os dias nos deparamos com atitudes ignorantes e julgamos. Somos leitores das nossas relações, e é preciso interpretá-las... dentro de um contexto, amarrado à uma realidade. É só diminuido as distâncias que irá se diminuir a dificuldade de interpretemar .